Os municipários lotaram as dependências da Câmara de Vereadores na manhã de quinta-feira, preenchendo todos os espaços do plenário e área externa do prédio do Legislativo. A categoria se encontra em greve até segunda-feira (07/10), em protesto contra o atraso no pagamento dos salários pela Prefeitura. A greve e a atividade na Câmara foram definidas na assembleia geral do Sindicato dos Municipários de Pelotas, realizada na quarta-feira (02/10).

O objetivo da presença na Câmara de Vereadores foi o de pedir o apoio do Legislativo para que intermedie junto ao Executivo a fim de que este garanta o pagamento de todos os servidores normalmente no quinto dia útil do mês, dia 07, segunda-feira, mediante contratação de empréstimo perante o Banrisul, ou seja, assumindo todos os encargos e juros provenientes, assim como informou que procederá para o décimo terceiro salário, e não determinando que seja o servidor que faça isto.

Na ocasião, o vereador Ivan Duarte propôs o trancamento da pauta até que a Prefeitura negociasse sobre esta situação com o Simp, solicitando então que fosse votado em plenário, porém, o presidente da Câmara, vereador Fabrício Tavares, alegou que não colocaria em votação por problemas regimentais, encerrando a sessão e retirando-se do plenário. A categoria, indignada, contou com o apoio dos vereadores Ivan Duarte, Fernanda Miranda, Marcos Ferreira (Marcola), Marcus Cunha, Toninho Peres, Eder Blanck e José Sizenando, que restaram no Plenário, sendo que o presidente da CCJ, Marcola, e presidente da COF, Marcus Cunha, se comprometeram de não analisar nenhum projeto do Executivo nestas condições até a referida negociação.

Após isto, os servidores fizeram uma marcha pelas ruas em protesto, até a frente da Prefeitura, e posteriormente próximo à residência da prefeita ecoando a palavra de ordem “Ô Paula, cadê você, eu vim aqui pra receber!”.

SERVIÇOS PÚBLICOS PARALISADOS

Embora a Prefeitura tenha afirmado em seu site nesta quinta-feira que o movimento anunciado pelos municipários foi motivado pela “alteração” do calendário de pagamento, a realidade é outra, qual seja, a do atraso no pagamento dos salários referente aos dias trabalhados no mês de setembro. A referida matéria publicada pela Prefeitura apresenta tamanha contradição quando afirma que os serviços de saúde e educação tiveram sua rotina interferida, mas, ao mesmo tempo, que a maior parte dos serviços públicos não foi atingida pela paralisação, isto é, se justamente as maiores secretarias tanto em número de servidores quanto em locais de atendimento à população, são estas: saúde e educação.

Também é descabido a Prefeitura apontar na matéria situações como a Sersul, empresa terceirizada de limpeza e coleta de lixo, mais a ETERPEL, terem continuado a prestarem seus serviços, eis que a primeira não faz parte da Administração Municipal e a segunda é uma empresa pública com autonomia financeira e administrativa, não fazendo parte do movimento de greve.

A mesma matéria reconhece expressamente que a maioria das Unidades Básicas de Saúde fechou completamente, que os motoristas do transporte escolar urbano registraram 90% de paralisação e que os condutores dos veículos da merenda pararam 100%. Com relação à educação, informa que das 29 escolas de educação infantil, 20 estão paralisadas, 03 com atendimento parcial e apenas 06 com atendimento normal; já no ensino fundamental, zona urbana, de um total de 40, 16 com atendimento parcial, 17 com atendimento normal e 07 paralisadas. Já o Colégio Municipal Pelotense paralisou totalmente suas atividades.

“Estes dados revelam e demonstram a ampla adesão da categoria dos municipários na soma da luta contra o atraso nos salários, ao contrário do que tenta fazer crer a Prefeitura, de que são poucos os serviços afetados à população”, afirma o vice-presidente do Simp, Tiago Botelho Domingues.