Após sete anos de total falta de debate em torno do plano de carreira, foi apresentado pelo Governo Municipal à categoria, no momento em que devem ser abordadas as reivindicações da data base, duas propostas de planos, uma para o magistério e outra para o quadro geral.

Ocorre que neste momento, não há tempo para discussão destes temas com responsabilidade, pois a Lei Eleitoral impõe limites de prazos que impedem o amplo debate por parte da categoria sobre algo que irá decidir o andamento de toda a vida funcional e salarial dos trabalhadores.

E há mais motivos para rejeitar o debate neste momento:

Ao mesmo tempo em que apresenta os dois planos no final de seu mandato, o atual Governo Municipal tenta confundir os servidores municipais e a opinião pública com um panfleto milionário que aponta “padrões salariais” ilusórios que vão de R$ 752,00 a R$ 2.190,10. Mas omite que para este cálculo, utiliza complementações salariais, vantagens e  vale alimentação para atingir estes valores;

Vale alimentação não é salário;

As propostas de Carreira do prefeito Fetter Jr. excluiram os celetistas (mais de 1.100 servidores regidos pela CLT)  e também os  trabalhadores aposentados;

No que tange ao Piso Salarial Nacional para o Magistério, os padrões propostos pelo projeto de Lei do Governo de Fetter Jr. incluiriam os denominados “incentivos” de 59% e mais 11% para pós-graduação, garantidos pela legislação vigente. No plano do Executivo, esta parcela passaria a integrar os padrões salariais, desaparecendo do contracheque. O MEC aponta hoje o Piso Salarial Nacional do Magistério no  valor de R$ 1.451,00 e sobre este valor é que devem incidir todas as vantagens, incentivos etc;

Na proposta apresentada pela Prefeitura, os incentivos desapareceriam e seus valores passariam a fazer parte do vencimento básico, mantendo a remuneração total praticamente nos mesmos valores. Na prática, isso significa apenas alterar e “adequar” o contracheque para dizer que o piso está sendo pago;

Além de “burlar” a Lei do Piso por meio de uma nova composição dos vencimentos dos professores em seus contracheques, as propostas do Governo não prevêem a redução da jornada em sala de aula;

Nos Planos do Governo não existe a possibilidade de progressão por qualificação, a não ser a já contemplada  para os Técnicos Científicos, enquadrados na proposta do Prefeito Fetter Jr. como “Nível Superior”;

Os projetos de Plano de Carreira do Executivo também não recuperariam as matrizes salariais defasadas historicamente;

Caso aprovada a proposta do Governo, os menores padrões salariais passariam a ser de R$ 500,00 e R$ 600,00, ou seja, abaixo do salário mínimo nacional. Hoje, a base de cálculo para vantagens é de R$ 478,35. Os padrões de R$ 500,00 que abrange por exemplo, servente, guarda municipal, merendeira, agente administrativo, monitor de escola, teriam somente 4,5% de reajuste. Em anos anteriores “sem o Plano de Carreira” na data base se conseguiu a inflação do período medida pelo INPC, que tem sido superiores a 5%;

Os Técnicos Científicos (Nível Superior), como por exemplo os Engenheiros, Arquitetos, Administradores, teriam somente 4,5% de reajuste no padrão salarial. Passariam de R$ 1.579,27 para R$ 1.651,94. Em anos anteriores “sem o Plano de Carreira” no mínimo tem-se conseguido a inflação do período medida pelo INPC, que tem sido superiores a  5%;

Os novos padrões salariais seriam congelados. A única progressão apresentada no plano é por classe e de 1%, incidindo sobre os salários básicos. Porém, a proposta do Governo não apresenta qualquer garantia de que haverá a progressão, pois os requisitos para esta seriam definidos pelo prefeito por decreto* (meritocracia). No entanto, esta forma de regulamentação não reajustaria o valor do padrão salarial. Ex.: progressão de 1% sobre R$ 500,00; 2% sobre R$ 500,00 e assim por diante, chegando no máximo a 11%

As propostas também apontam redução de vencimento para alguns casos, tanto que prevê a criação da chamada VPNI (ou “Vantagem Pessoal Nominalmente Identificável”), por meio da qual seriam pagas as diferenças entre o vencimento que seria reduzido e o que atualmente o servidor recebe.

O prefeito Fetter Jr. propõe ainda a extinção da formação por Curso Normal (Magistério), a qual impediria que após 2013 fossem realizados novos concursos para profissionais com essa formação. Também pelo que o prefeito propõe, o atual concurso vigente não seria renovado para estes profissionais. Cabe salientar que Pelotas possui duas escolas públicas de formação no curso Normal (magistério), sendo uma delas o Colégio Municipal Pelotense.

Caso fosse aprovado o Plano de Carreira, de acordo com a justificativa do governo, os avanços de 3,5%, adicionais de 15% e 25% previstos na 3008/86 (Regime Juridico vigente) seriam regulamentados  por decreto* após 90 dias de sua aprovação, o que deixa dúvidas quanto a sua manutenção conforme a Lei.

*O que é decreto? É um ato administrativo definido por livre e exclusiva vontade do prefeito, sem necessidade de passar na Câmara de Vereadores.

O Plano para o Quadro Geral de servidores determinaria um aumento de carga horária de 30h para 40h de várias funções, sem nenhuma justificativa. Veja alguns exemplos: Agente e Oficial administrativo, Monitor de Escola, Bibliotecário, Farmacêutico.

De acordo com o IGAM*, Pelotas é a única cidade do estado do Rio Grande do Sul em que o Executivo propõe implementação de Plano de Carreira com padrões salariais abaixo do salário mínimo nacional, mantendo as complementações salariais. Ex.: R$ 500,00;

*IGAM: O SIMP irá buscar esclarecimentos junto ao Ministério Público Estadual quanto ao tipo de contrato realizado entre a Prefeitura Municipal de Pelotas e esta empresa.

Concluindo, o governo mostrou incompetência e irresponsabilidade, subestimando o debate de um tema de extrema importância, que mexe com a vida salarial e funcional dos servidores. Plano de Carreira que retira direitos, que não avança nas matrizes salariais não serviu, nem nunca servirá para os Municipários Pelotenses. Esta categoria EXIGE o cumprimento das reivindicações da data base (Vale alimentação, reajuste salarial, reajuste da parcela denominada risco de vida ,implementação do Piso  Nacional do Magistério, base de cálculo sobre o salário mínimo) aprovadas em Assembleia Geral.