O Sindicato dos Municipários de Pelotas, diante das movimentações realizadas pela Secretaria Municipal de Educação e Desporto, vem a público ressaltar a necessidade da manutenção da quarentena em relação às escolas públicas municipais. Num momento em que o número de casos de contágio pelo coronavírus vem aumentando, que inexistem exames e testagem para a totalidade da população, e do risco de ampliação do número de infectados entre jovens, adultos e idosos na eventualidade do retorno das aulas, é uma atitude temerária contrariar o bom senso e as orientações de isolamento social.

Quanto as alternativas de educação para o momento, considerando-se a possibilidade de implementação da modalidade a distância da prática docente, é necessário levar em conta alguns elementos que são importantes para assegurar níveis de qualidade adequados para a educação municipal.

Considerando que a modalidade a distância é distinta da educação presencial, é necessário ter em conta, pelo menos, duas questões que dizem respeito ao trabalho com Educação a Distância, a dizer: formação para o trabalho a distância e acesso a recursos.

Dado que a SMED não oferta formações e/ou capacitações para que o conjunto do magistério fique apto a trabalhar com a educação em modalidade a distância, há uma carência pedagógica e didática para professores e professoras atenderem devidamente seus estudantes em novas plataformas. A educação perderá, necessariamente, qualidade ao se transpor a prática docente presencial para a distância sem nenhuma intermediação, e isso terá um impacto relevante na formação dos estudantes pelotenses.

Ainda, a disponibilidade de recursos para a operacionalização da educação a distância não é ofertada aos professores, nem aos estudantes. O acesso a computadores, a rede, a equipamentos audiovisuais ficariam totalmente sob responsabilidade de professores. Isso entra na contramão da política salarial do governo municipal, que oferece pelo segundo ano consecutivo reajuste zero nas negociações de data-base, mas espera que professores arquem com as custas dessa nova modalidade. Da mesma forma, os estudantes que não tiverem acesso a computadores e internet, não terão acesso à educação, o que contraria a obrigação de atendimento universal dos estudantes.

Diante disso, o SIMP compreende que não existem as condições materiais necessárias para a realização da modalidade a distância da educação, e se posiciona contrário a qualquer tentativa de onerar professores e desqualificar a educação oferecida aos estudantes pelotenses. Precisamos garantir a qualidade com equidade, além do acesso a todos e todas estudantes.