O Sindicato dos Municipários de Pelotas (Simp) em contato com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) que estão desviados de suas áreas de atuação para trabalharem na prevenção e combate à dengue verificou diversas falhas e irregularidades neste processo, afirmado pelos mesmos no sentido de que o treinamento recebido foi falho.

Além dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) ser insuficientes, demonstrando despreocupação no cuidado com a saúde e segurança dos ACS, a exposição ao manuseio de produto altamente tóxico vem causando reações alérgicas imediatas e possíveis transtornos futuros de difícil detecção devido à inalação do produto, sendo que o próprio rótulo adverte que o mesmo só poderá ser manuseado por equipes especializadas, especialização esta dificilmente adquirida em uma semana de curso.

Em reunião realizada nesta quinta-feira (28) à tarde pela Secretaria Municipal de Saúde com os ACS para definir as atividades que serão encerradas na próxima semana, sendo que até então não tinham ideia de até quando perduraria tal situação, muito menos qual seriam seus locais de atuação, lhes foi informado que trabalharão em sistema de mutirão onde deverão visitar em torno de 25 residências por dia, em áreas na maioria das vezes desconhecidas, entrando e vistoriando tais locais, fato este que lhes causou enorme sentimento de temor, pois ao se manifestarem foram advertidos que se não comparecerem às atividades terão que responder por seus atos, deixando assim, clara intimidação por parte da ministrante do treinamento.

O Simp se manifestou na reunião apontando para as falhas e irregularidades em vários aspectos do processo, além de que enviará na próxima segunda-feira (01/04) ofício à Secretária Municipal de Saúde e ao Prefeito solicitando agendamento para discussão do problema, bem como encaminhamento de denúncia ao Conselho Municipal de Saúde.

Cabe ressaltar que algumas áreas onde os ACS atuam ficaram descobertas há pelo menos três semanas, outras funcionaram com equipes reduzidas, sem nenhum tipo de comunicação prévia, impossibilitando assim a assistência prestada à população que depende de seus serviços.

“Sabemos que o combate à dengue é essencial à população e faz parte das atribuições dos ACS e que, em momento algum, se negam a prestar este serviço de grande relevância para nossa cidade. Porém, o manuseio de produto tóxico e visitação imprevidente fogem completamente das obrigações destes profissionais, colocando em risco sua saúde e integridade física. Estaremos exigindo formas seguras de executar este trabalho, ao mesmo tempo em que responsabilizaremos o poder público sobre qualquer ocorrência prejudicial aos nossos servidores que também fazem parte da população e merecem atenção”, critica a diretora do Sindicato dos Municipários, Cláudia Correia.

“Promover saúde pública a custo do adoecimento dos trabalhadores é inadmissível”, finaliza.