A interdição do Centro Administrativo Professor Araújo (CAPA) pelo Corpo de Bombeiros certamente evita uma grave tragédia que poderia vir a vitimar centenas de servidores públicos municipais e cidadãos que buscam os serviços dos órgãos da Prefeitura ali localizados.

O Sindicato dos Municipários há muito vem denunciando as péssimas condições de trabalho daquele local, que vinha colocando em risco diário centenas de vidas. Tanto que no início do mês de abril o Simp encaminhou ofício (Of. 035/2013) dirigido ao Corpo de Bombeiros, na pessoa do Major Sandro da Cunha Euzébio, apontando os problemas existentes e a vistoria por aquela corporação.

O ofício encaminhado ao Corpo de Bombeiros em abril teve o seguinte teor:

Vimos por meio deste para solicitar, com a maior brevidade possível, VISTORIA no prédio do CENTRO ADMINISTRATIVO DA PREFEITURA DE PELOTAS (CAPA), localizado na rua Professor Araújo, 1.653. A urgência se justifica na medida em que aquele imóvel abriga grande número de secretarias e órgãos municipais, com parcela significativa de servidores cumprindo suas jornadas de trabalho e exercendo suas atribuições no interior do prédio.

Importante salientar que o imóvel em questão sediava a indústria Josapar, tendo sido adaptado para receber as secretarias da Prefeitura Municipal. Nesta adaptação foram colocadas divisórias e carpetes, bem como igualmente adaptadas instalações elétricas que alteraram significativamente as características originais do prédio. No entanto, não foram abertas novas saídas com capacidade de dar vazão não só aos servidores como também ao grande número de cidadãos que frequentam o local em busca dos serviços públicos. E mais, não há informação a respeito de sistema adequado de prevenção de incêndios. Em caso de emergência, por exemplo, um verdadeiro desastre pode vir a ocorrer.

Neste sentido, requeremos a vistoria mencionada.”

Realizada a vistoria nesta quarta-feira, foram constatados os problemas denunciados. A falta de condições de trabalho naquele local já havia sido denunciada em outras ocasiões pelo Simp, quando da realização de reuniões com fiscais da Mobilidade Urbana e da Qualidade Ambiental, inclusive com a publicação de matérias na imprensa, onde já haviam sido detectados espaços físicos minúsculos e totalmente insalubres, sem condições de abrigar o material de trabalho bem como os próprios servidores, que em muitas vezes tinham de permanecer em pé, sem lugar sequer para sentar.

Outros sérios problemas apontados e que agora foram constatados pela vistoria do Corpo de Bombeiros são a total ausência de saídas de emergência, os verdadeiros “becos” existentes no interior do prédio, a enorme quantidade de material altamente inflamável e as absurdas instalações elétricas com risco permanente de curto circuito.

Por outro lado, o Simp considera no mínimo como estranha a declaração da prefeita em exercício Paula Mascarenhas, que criticou o Corpo de Bombeiros pelo ato de interdição e que em nenhum momento manifesta preocupação com a segurança dos servidores e dos cidadãos que buscavam o local.

“Se observarmos a notícia da Prefeitura publicada em seu site, intitulada “Prefeitura recorre da interdição do CAPA”, em nenhum momento a prefeita em exercício se refere demonstrando alguma preocupação com a segurança, tanto dos  servidores quanto dos contribuintes”, critica Tiago Botelho, diretor do Sindicato dos Municipários.

“E mais, Paula Mascarenhas cita que tal interdição provocará vários e graves problemas para o funcionamento da máquina pública, provocando prejuízos irreparáveis para a cidade. Ora, se não houver primeiramente condições adequadas e seguras para a prestação dos serviços públicos à comunidade, não é possível que esta tenha a resolução efetivamente encaminhada para os seus problemas”, finaliza Tiago.